segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Página em branco 2

Não sei se é vício. Nem se é dependência,
Sei que me faz muito bem quando ela me sorri, e simplesmente acaba com meu dia, até com minha semana, quando ela torce o nariz pra mim.
Não deve ser muito saudável. Mas na minha atual situação de falta de amigos e de companhia, a simples esperança de uma pequena declaração, uma pequena deixa numa fala qualquer me deixa feliz e sorridente.
Quero sair dessa, mas não quero também. Dois sentimentos simultâneos.
Hoje quase pedi pra ela bloquear os contatos, porque eu não tenho essa coragem. E em algum momento eu tentaria contato novamente. Mas nem pra isso tive coragem.
Será que estar apaixonado e amar tem que ser tão duro assim? Ou me faço de vítima para que eu tenha autopiedade?
Gatona, você nem faz ideia. Nem eu.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Página em branco.

Estou tentando escrever e não consigo. Bloqueou. Tenho tanto a dizer pro papel, mas não sai. A página em branco me atormenta. Acho que tudo que tenho a escrever já foi dito antes.  Melhor deixar só para nós dois.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Navegação

Se eu tivesse em meu poder uma bússola que, ao invés de apontar o Norte, apontasse para o que mais desejo, ela ainda assim apontaria o Norte. Porém se ela mostrasse a distância para o que eu desejo, ela não seria tão longa mas também não seria tão curta,
Poucas horas de navegação me bastariam, em mar calmo e costeiro, até chegar ao objeto, à pessoa do meu desejo.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Vida que segue. Ou tenta seguir.

Ou ainda A Pequena Ode À Gatona de Itajaí.

Ela é pequenininha. Muito linda. Muito gostosa. De um tamanho feito certinho pra mim.
Ela me deu atenção. Carinho. Afeto. Muito mais que eu merecia, provavelmente. Continua me dando tudo isso, em doses diferenciadas, apesar de tudo.
Apareceu na minha vida praticamente do nada, de onde eu menos esperava. E me cativou de um jeito que eu não imaginava. Que eu achava que não merecia.
E ainda acho que não mereço mesmo. Mas me tornei tão apaixonado, tão necessitado, tão pidão de sua atenção....
Só que... andei pisando na bola. Diz ela que não estou pronto. Que não estou preparado. Talvez esteja certa. Bem provável. Não quero mais lhe dar migalhas, minha paixão. Não quero lhe dar nada diferente do homem total e completo que sei que você mais do que quer, você merece.
Uma mulher tão generosa, tão completa, tão amiga, tão amante, tão... tão.
Simplesmente não tenho palavras. Tudo bem, tem coisas que não devem ser ditas com palavras mesmo. Mas o que posso fazer? Este é meu espaço de escrever. Isso demanda palavras. Palavras que me faltam.
Faltam pela consciência de que o pouco que estou tendo hoje é muito mais do que mereço. De que o pouco que estou tendo hoje ainda é muito mais do que consegui oferecer. Ai de mim, quem me mandou ser tão falador. Como diria a canção, "eu fui sincero como não se pode ser, um erro assim tão vulgar nos persegue a noite inteira, e quando acaba a bebedeira ele consegue nos achar
Com um vinho barato, um cigarro no cinzeiro
e a cara embriagada no espelho do banheiro."
Sei que o pouco que estou tendo hoje é muito mais que mereço, que é um teste, que é uma chance, uma pequena chance pra ver até onde vai minha determinação, e até que ponto está meu desapego ao passado.
Maldito passado. Não me fez bem em momento algum, e só vejo isso agora que passo a deixá-lo seguir seu caminho e se tornar passado. Uma história que faz parte da minha vida, mas que passou... que foi embora para me deixar livre para me apaixonar de novo. Pagou a moeda e tomou o barco de Caronte, destino à terra dos mortos.
Sim, minha Gatona. Seu homem está à sua espera. Pode demorar. Vou penar, pagar pelos meus erros, mas estarei firme lhe aguardando. A sua generosidade merece que eu lhe espere a certeza e a confiança retornarem.
Já lhe disse uma vez, e confirmo. Não sei ser metade. Só sei pular de cabeça. Estou na ponta do trampolim. Se a água é rasa ou funda? Descubro depois.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Gaveta de meias



Faz algum tempo eu descobri que gosto de escrever. Adorei a ideia, pus meu papel virtual para trabalhar a toda, criei um blogue e disparei alguns ensaios e rascunhos de crônicas internet afora, à procura de espaço e leitores para minhas palavras. Fez bem pra minha cabeça e pro meu ego.          
                Acontece que, de uns tempos pra cá, aquele ímpeto inicial se desfez e o (E)Stroboscópio já não produz seus flashes. Sim, o blogue tem esse nome porque sempre procurei escrever sobre pequenos apanhados do dia a dia, sem compromisso, e a princípio, sem correlação uns com os outros. Um dos problemas é que me acostumei a escrever sempre no computador, onde me sinto confortável, mas ele não me acompanha durante o dia. Justamente quando tenho meus momentos de inspiração.
                Tal fato inclusive me lembrou um cronista que li muito na juventude, se não me engano o Roberto Drummond, mineiro radicado no Rio. Em uma de suas crônicas ele diz que suas caminhadas à beira mar são fonte de inspiração, só que basta chegar em casa que a mente fica limpa novamente e as ideias não são postas no papel. Chega a pensar em carregar a máquina de escrever pendurada ao pescoço durante suas caminhadas.
                Digo isso não para me comparar ao cronista, mas para dizer que sofro do mesmo mal. Os tempos são outros, já não se usa mais a máquina de escrever, até mesmo o computador já não se usa tanto. Mas não sou adepto do tablet nem do smartphone, não me adaptei bem com esse negócio de ficar esfregando os dedos. Já tentei gravar no celular o que me vinha na mente, ao invés de digitar no computador, como faço normalmente. Mas o negócio me pareceu bastante estranho no momento em que resolvi fazer a primeira mudança. Digitando basta apagar um trecho e escrever de novo, já ditando ao gravador fica bem esquisito.
                 De tanto que me acostumei a escrever no meu chamado papel virtual já sinto uma dificuldade estranha em manuscrever. Fiquei tanto tempo afastado do par papel-caneta que desaprendi, perdi completamente a prática, dói-me a mão e acabo produzindo um apanhado de rabiscos, na vã tentativa de editar o texto no mesmo momento em que o produzo.
                Mas tudo se resolve. Ainda pretendo prosseguir com meus flashes. Princípios de textos e temas de crônicas eu tenho aos montes, guardados todos na mente. O que atrapalha é que os meus compartimentos mentais são tão ou mais bagunçadas que minha gaveta de meias. Dá uma preguiça de arrumar...

sábado, 26 de outubro de 2013

Pitangas



                A minha pitangueira carregou-se de frutos. A árvore da frente de minha casa, que o povo daqui diz que é um sombreiro e minha irmã diz que é uma castanheira, já se vestiu novamente, tal e qual mulher se arrumando pra sair. Devagar, bem devagar. Aliás, a tal árvore ganhou iluminação (feita com material reaproveitado, bem ecológica) e também a companhia de uma orquídea, presente do vizinho orquidófilo.
                Voltando à pitangueira, que pitangas maravilhosas. Nunca tinha provado assim tão doces. Minha lembrança de pitangas, de todas as pitangas que tinha provado desde a infância, sejam elas ganhadas, compradas ou roubadas em algum quintal ou pomar, eram de frutos bem azedos. Não que não goste, pelo contrário. Mas as pequeninas e doces que tenho no meu pomar-quintal privilegiado, são de matar o guarda.
                Diante da fartura, ontem enchi um pote com elas e levei pro trabalho. Mesmo tendo feito bastante sucesso, não foi o suficiente para esvaziar a vasilha. Resultado? Na correria da saída, esqueci o pote com os espólios pitanguísticos em cima da mesa. Só quero ver na segunda como vai estar aquilo...
                A vantagem de se ter um micro pomar em casa é esta: logo esgotar-se-ão as pitangas e começará a temporada dos araçás. Papa fina. Depois vem outra, no outono. A aroeira, mas essa não é pro meu bico, e sim dos passarinhos que aparecem por aqui pra encher a pança. Quem gosta é a gata de casa, delivery de passarinho.

Considerações capilares



De uns tempos pra cá o meu cabelo, que já caía bastante desde que entrei na idade adulta, resolveu cair de verdade. No final do banho já não me preocupo com pentelhos no sabonete, e sim com fios da cabeça mesmo. Independente de lavar a cabeça ou não.            
                Diante da constatação da minha mulher de que eu estou ficando careca, sugeri que eu devia raspar de vez a cabeça, e mantê-la assim. Talvez fazer uma tatuagem na careca, deve existir alguma que imite cabelo. E não é que a patroa ficou brava? Veio com uma conversa de que eu estou somente ficando velho e não sabendo lidar com isso.
                Pois bem, Dona Eliane, velho eu estou ficando desde que nasci. Tive realmente uma pequena crise de meia idade no dia que completei quarenta. Também não é pra menos, chegar em casa e descobrir uma festa surpresa pra comemorar a metade de sua vida pode ser realmente uma grande surpresa. Afinal é isso que os quarenta representam. Meia idade, meia vida. Não precisa ficar lembrando isso pro coitado do aniversariante. Aliás, vida esta que começa aos quarenta, já vou adiantando e confirmando aos recitadores de velhos ditados para velhos deitados.
                 Mas voltando ao cerne do assunto, velho eu estou ficando desde que nasci. No momento eu estou ficando mesmo é careca. Meu cabelo cai desde que eu era bem novo, mas nunca foi tanto. Nunca a ponto de insistir em entrar-me pela boca a cada vez que lavo a cabeleira, no justo momento do enxágue, enquanto a água com sabão desce pela cara.
                Não estou, portanto, sem saber lidar com meu envelhecimento. Este acontece a todo dia, e já constatei faz bastante tempo. Já aprendi a lidar com ele, e creio estar me saindo muito bem. Me considero em estado de conservação muito melhor que muita gente por ai que tive a oportunidade de ver o RG. A dificuldade está justamente em lidar com a queda capilar, que se acelerou muito nas últimas semanas. Para a velhice eu me preparo há pelo menos dez anos, já a calvície, mesmo que esperada, me assustou com sua aceleração repentina.
                Bom, reclamações à parte, tenho pelo menos um consolo. Dizem por aí que a queda capilar e a consequente calvície são causadas pela testosterona. Ou seja, ficar careca é coisa de macho.